O
piloto californiano Cody Webb é uma estrela no EnduroCross e tem várias
vitórias na sua carreira, desde 2003 quando se tornou profissional. Nesse post
ele nos conta como é um dia típico no EnduroCross.
“Na manhã de uma corrida de EnduroCross eu durmo pouco porque o show da
noite acaba quase 23h. Muitas vezes depois de acordar eu vou dar uma pedalada com
um rolo de treino ou bicicleta ergométrica da academia do hotel,
assim me aqueço e fico relaxado. Após me alongo e vou
tomar café da manhã. Geralmente chego na pista lá pelas 9h30 ou 10h e assisto
um pouco do treinos amadores.”
“Assim que eu chego na pista, vou dar uma olhada no formato e tamanho das pedras. Eu gosto de ficar ao lado da pista só observando os amadores passarem pelos obstáculos, para depois me concentrar no percurso em si.”
“Eu costumava
fazer várias mudanças na moto depois do treino. Ano passado senti que estava
lutando para conseguir a configuração certa, que isso variava e dependia de
pista para pista. Geralmente eu mexo na suspensão, só uns pequenos ajustes para ela subir mais fácil. Mas
esse ano senti que a 350 está sendo bem versátil. Acho que também é um lance de
confiança: eu digo a mim mesmo que minha moto é ótima, eu confio nela. Preciso
acreditar que não tenho que mexer em nada.”
“Nós
gravamos todos os treinos, tanto os meus quanto dos outros pilotos. Em Everett
eu tive um problema de saúde onde meus músculos estavam tensos devido a um
acidente anterior, então nessa fase eu deitei para fazer meus alongamentos e
relaxamentos enquanto assistia a todos os vídeos. É importante assisti-los
porque assim eu posso ter uma noção de em qual sessão posso ganhar mais tempo
sobre meus adversários - fundamental para as minhas corridas.”
“Nós
basicamente usamos pneus macios e grudentos (aderentes), porque eles são os
melhores e eu me sinto confortável usando esse tipo de pneu no EnduroCross. Eu
nunca troco o traseiro. Já debati sobre trocar o dianteiro, mas me sinto bem
com o MX52. Nós usamos tire balls em
ambos, porque são mais leves e permitem que se ajuste perfeitamente a pressão
desejada. Em Everett, eu estava saltando e
tinham esses barris de metal como obstáculos. Eu podia sentir a moto
batendo muito enquanto passava por eles. As tire balls ficam livres para moverem-se ligeiramente dentro do
pneu, e eu sentia o aro quase quebrando. Como eu não queria me preocupar com
algumas delas estourando - e potencialmente estourar o arame, decidi trocar
pela mousse. Foi a primeira vez que usei mousse nos últimos três anos, e acabou
sendo uma vantagem para mim.”
“Meu
foco principal é na sessão de pedras porque é onde eu faço meu melhor tempo.
Nesses últimos anos eu sabia que a minha fraqueza eram as outras sessões da
prova, como os saltos e tudo mais, então eu procurava ajustar minha moto mais
voltado para essas sessões. Mas comecei sentir que a configuração da minha moto
estava meio ultrapassada, então nesse ano eu basicamente decidi deixar ela
ajustada para aquilo que eu sou melhor e estou me virando nas outras partes da
prova.”
“Eu
não vim de um cenário de moto, então eu perdi um pouco dessa agressividade.
Algumas curvas eu não estou fazendo tão rápido quanto deveria, por exemplo.
Meus pontos de frenagem e aceleração não são tão bons quanto dos outros
pilotos. Você vê alguns dos jovens pilotos que praticam EnduroCross fazendo
saltos duplos e se mantendo baixos, meio que mantendo a moto para baixo. Eu
simplesmente acelero tudo e flutuo até que aterrize novamente. Às vezes, quando
você está conhecendo a pista, você pensa “eu consigo fazer isso”. Se for um
salto muito complicado, vai levar algumas voltas até que alguém acerte no
treino, ou talvez ninguém nem acerte até o próximo treino. Não é sempre, mas às
vezes as pessoas acham que vamos fazer algo e no fim ninguém consegue.
Normalmente eu gosto quando ninguém consegue fazer, porque aí eu também não
preciso.
“É
importante ver as outras largadas antes da sua corrida para ver se eles estão
segurando bastante o gate ou baixando rapidamente. Isso te dá uma dica de
quanto acelerar enquanto estiver esperando cair. Você não precisa ficar ali
acelerando o máximo e esquentando o motor. Isso vai mudar as coisas na primeira
volta antes de resfriar tudo outra vez.”
“Para
ser honesto, eu não sinto que estou 100% no EnduroCross. Minha cardio está boa,
mas há alguns pontos a melhorar. Eu estou lá correndo, suando muito e sem
fôlego, mas eu consigo correr 90% do meu potencial o dia todo e ser super
eficiente, volta após volta. Mas pra eu conseguir alcançar os outros 5% ou 10%
que faltam, por mais que meu cardio esteja legal, meus braços começam a travar
e eu começo a cometer erros e ter dificuldades. Eu posso dar um extra em uma
volta, mas ir para as próximas com 100% de aproveitamento é difícil, já começo
a cometer esses erros.”
“A
medida que eu fui melhorando, fui pegando um pouco mais leve ao chegar em um
obstáculo. É quase como tratar uma sessão de pedras como uma sessão whoop no supercross. Chegar mais de leve
e ir construindo velocidade conforme avanço. Não é isso que parece para o olho
humano, mas conforme entro no obstáculo e vou pulando e aterrizando, uso
pouquíssima aceleração. Depois eu vou acelerando gradualmente conforme vou
passando, ao invés de colocar toda a potência e girar muito a roda traseira de
cara.”
“As
sessões de pedra dessa temporada tiveram pedras bem grandes, pra ser sincero.
Eles fizeram um bom trabalho empilhando elas para ter algumas linhas. Se você
sair de uma determinada linha não está necessariamente ferrado. Nos anos
passados eles deixaram uns buracos bem grandes, e isso deixava as pessoas com
grandes problemas. Eu sinto que esse ano estou tranquilo para correr o risco e
entrar, porque não tem más consequências como nos anos passados.”
“Na linha de largada às vezes percebo que estou com uma postura horrível, então tento abrir meu peito e meus ombros e tentar ter um melhor fluxo de ar. Então em cima da moto antes de largar, estico meus antebraços para tentar ficar mais solto e tranquilo. É muito importante evitar que meus braços fiquem muito mais tensos do que a necessidade de intensidade que o EnduroCross pede. Quando eles levantam a placa de 30 segundos, é quando eu coloco meus óculos de proteção. Eu tenho a estranha mania de ajustar meu óculos o tempo todo, pareço louco Como vou ficar pulando nos próximos 12 ou 15min, preciso ter a certeza de que eles estão firmes e não caiam - eu balanço a cabeça para confirmar que estão bem presos. Uma vez que acho que o gate vai cair, mudo o foco totalmente e só penso na largada. A partir daí eu me cobro forte, tento abrir uma boa vantagem na competição e acelerar de forma consistente sem cometer erros até a linha de chegada, de preferência vencendo.”
Texto original por Shan Moore
(site Dirtrider), traduzido e complementado pela MX Parts. Fotos por
Tanner Yeager e Diahann Tanke.